Cinco estudantes da USP enfrentam um processo administrativo-disciplinar (PAD), que pode resultar em sua expulsão, por se posicionarem contra o genocídio do povo palestino. A ação disciplinar da USP baseia-se em um artigo do Regimento Geral da universidade, aprovado durante a ditadura militar, que é amplamente considerado inconstitucional.
Esta perseguição começou após uma assembleia estudantil onde foi debatida uma solicitação de apoio financeiro ao Exército de Israel após início da Operação Al Aqsa, considerado pelos estudantes como uma afronta ao sofrimento palestino. Setores pró-Israel distorceram o sentido da fala de informe e iniciaram uma campanha de intimidação, levando à instauração do PAD.
As acusações são vagas e questionáveis, sem caracterização do que constituiria suposto “discurso de ódio” ou qualquer individualização das condutas, criminalizando inclusive supostas “perturbação do ambiente acadêmico”, “atentado à moral e aos bons costumes” e “promoção de propaganda de caráter político”.
Denunciamos este processo como uma forma de perseguição política que visa silenciar movimentos de solidariedade ao povo palestino e reiteramos que faz-se urgente a revisão democrática do regimento da USP, com participação de toda a comunidade acadêmica, para que a universidade mantenha-se um espaço de pluralidade e liberdade de expressão.
Pela suspensão imediata do PAD de perseguição política: ser pró-Palestina não é antissemitismo!
Pela revisão democrática com ampla participação de estudantes, funcionários e professores do Regimento Geral da USP!
A Universidade de São Paulo (USP) está realizando um processo administrativo-disciplinar (PAD) visando à expulsão de cinco estudantes, com base em artigo inconstitucional do Regimento Geral da USP, aprovado na ditadura militar.
Em meio a bombardeios na Faixa de Gaza, território palestino ocupado, no dia 10 de outubro de 2023, em um grupo de WhatsApp de estudantes do curso de Ciências Moleculares (CCM), foi enviado um pedido de apoio financeiro ao Exército de Israel. A mensagem foi objeto de muitas reações por parte dos estudantes que compunham o grupo, que entenderam se tratar de financiamento do genocídio contra o povo palestino. Frente a isso, o Centro Acadêmico Favo 22 levou à assembleia do curso, no dia seguinte (11), um informe sobre a questão palestina, realizado pelo Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino da USP (ESPP-USP), com o intuito de justificar porque aquela manifestação era problemática e abrir esse espaço de debates no CCM. As linhas gerais do informe dado pelo estudante foram registradas na ata da assembleia, sem que houvesse qualquer comoção no momento em que a fala foi proferida.